El siguiente es el editorial de la revista del Colegio Brasilero de Cirugía
de Octubre de 1998, que nos permitimos transcribir dada su importancia para el momento
que vive América Latina.
El Editor
A era industrial, o desenvolvimento
tecnológico, o aumento de velocidade de
veículos , as condições sócioeconômicas,
pobreza, miséria e a própria natureza humana
são fatores que contribuíram para o
crescimiento progressivo dos mais diferentes
tipos de trauma.
Na história natural do mundo, a violência tem sido um
mecanismo de defesa. Indivíduos, povos e
nações se degladiaram na luta pela
sobrevivência. Na realidade, o traume é um
reflexo de história de humanidade.
O trauma tem sido rotulado como doença
neglicenciada do mundo moderno, tanto que os
investimentos feitos, visando ao seu controle,
prevenção e tratamento, são inversamente
proporcionais à rápida progressão da
violência e ocorrência dos traumatismos. O
trauma, mais do que uma grave doença, tem sido
considerado um sério problema social e
comunitário. Sem dúvida, constitui-se, hoje,
num dos mais significativos problemas de toda
área de saúde.
Embora os aspectos relacionados à epidemiologia
do trauma - seu significado e importância -
tenham ganho maior destaque nos últimos anos, e
em especial em nosso meio, eles não são
valorizados pela própria comunidade médica. Na
verdade, o trauma é uma doença comumente
ignorada como problema de saúde da comunidade.
Os números justificam porque o trauma é um
complexo problema de saúde pública no Brasil
dos anos 90: a) constituti a segunda causa geral
de morte; b) é a primeira causa de morte abaixo
dos 45 anos; c) é responsável por mais de 90
mil mortes anuais; d) deixa mais de 200 mil
vítimas por ano, definitivamente seqüeladas;
e) consome mais anos de vida útil
que as doenças cardiovasculares e o câncer; f)
implica custos diretos e indiretos de bilhões de
reais, superiores ao valor de dívida externa do
país.
Cerca de 90 mil mortes por ano decorrentes do
trauma correspondem a 7500 mortes por mês e 250
por dia. É como se ocorresse diariamente a queda
de um avião a jato, equipamento 767, sendo os
corpos esparramados por todo país. Morrem dez
brasileiros por hora vítimas de trauma. Os
acidentes normalmente não ocorrem por acaso ou
são produtos da fatalidade. Existe sempre um
fator de risco sobre o qual é possível atuar,
modificando assim a ocorrência de eventos
traumáticos. Inúmeras estratégias neste sentido
podem e têm sido propostas. Entre elas, como
evitar, reduzir o número e/ou modificar a forma
de atuação dos agentes ou fatores de risco.
A prevenção é o mais importante parâmetro no
controle do trauma: a) é a única forma de
evitar as mortes que ocorrem no local do
acidente; b) é o meio mais eficiente e barato de
reduzir os custos (mortes, sofrimento, despesas,
perdas de produtividade, etc.), da doença
trauma; c) e, na maioria dos casos, é possível.
Algumas medidas são de fundamental importância
na prevenção do trauma: educação, adoção de
leis e atuação na área tecnológica. As duas
primeiras visam mudar o comportamento des pessoas
através de orientação, regras administrativas
ou penalidades. A terceira medida atua sobre os
agentes ou fatores envolvidos no acidente.
Basicamente, todos visam à proteção de
eventual vítima do trauma (Maull et al - Advances
in trauma and critical care. St. Louis,
Mosby, Year Book Inc., 1994).
O desenvolvimiento de "sistemas"
integrados de atendimento ao traumatizado reduz
significativamente as taxas de mortalidade nas
primeras horas após o acidente. Um sistema de
trauma deve remoção geográfica (cidade,
distrito) com eficente mecanismo de
comunicação, resgate e transporte,
proporcionando uma remoção rápida da vítima
para hospitais específicos, os chamados
"centros de trauma". Os "sistemas
de trauma" salvam vidas e evitam seqüelas
definitivas pois favorecem: a) o reconhecimento
da gravidade das lesões a adoção imediata de
cuidados adequados; b) o atendimento correto para
as vítimas que exigem atendimento
"especializado"; c) a programação de
reabilitação para permitir retorno rápido à
vida produtiva; d) a concentração de recursos
evitando duplicações e racionalizando
investimentos.
A vítima deve ser encaminada não para o local
mais próximo do acidente, mas para o serviço
que tenha condições de atender às suas
necessidades terapêuticas. No Brasil não
existem centros de trauma, mas alguns hospitais
gerais têm um serviço de emergência que atende
vítimas de trauma. São os hospitais ditos
"terciários" ou de referência,
teoricamente mais bem equipados e com equipe
multidisciplinar preparada e conscientizada para
o problema trauma.
A integração do sistema de atendimento
pré-hospitalar com o hospital capaz de
proporcionar tratamento definitivo resulta em
redução signivicativa das mortes consideradas
preveníveis ou evitáveis. A implantação de um
serviço de resgate e atendimento pré-hospitalar mais
efetivo tem mudado o perfil de população de
traumatizados que chega aos serviços de
emergência. Hoje, os serviços recebem doentes
cada vez mais graves e que no passado morriam no
local do acidente ou durante o transporte.
Quando se avaliam o controle de qualidade e a
eficiência do atendimento do traumatizado,
verifica-se que eles não estã apoiados somente
na redução da taxa de mortalidade, mas também
na diminuição da morbidade - particularmente
aquele contingente que decorre dos erros e
iatrogenias - a e recuperação completa sem
seqüelas, da vítima. Assim, é fundamental o
ensino e treintamento de equipes especializadas,
monitorando através de reuniões, protocolos,
banco de dados e uma auditoria permanente os
resultados e a qualidade do tratamento.
O trauma como modelo de doença é representado
por uma vítima jovem, previamente saida e
submetida a uma agressão súbita, mensurável,
sem anestesia uni ou multicompartimental e, na
maioria das vezes, prevenível. O sistema de
atendimento ao trauma tem como objetivos
assegurar a esta vítima um tratamento rápido e
definitivo das múltiplas lesões e o seu retorno
à sociedade como elemento produtivo.
Samir Rasslan, MD, FACS.
Profesor Titular - Departamento de Cirugía de la
Facultad de Ciencias Médicas de Santa Casa de São Paulo.